terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

CANÇÃO I



CANÇÃO I




Não quero olhos
impassíveis,
quero luz
brilho no olhar!
Quero o vagalume
piscante
que ilumina a escuridão,
quero ver
ser
dizer
quero cobrir-me do orvalho
que tinge a exaustão,
depois embrulhar-me na noite
sentir que me fiz canção.

RJ - Junho/2005

** Gaivota **

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

PINTANDO O AZUL DE VERMELHO




Em vôo nublado,
pássaro desgovernado
atingiu,
ao meio o
temporal.
Que fazias pássaro,
em solitário vôo?

Pingos incandescentes
rompiam o céu,
na dança
louca das luzes.
Chorava o mar,
agonia desesperada.
Chorava o céu,
a tristeza da vida
morta!


Jazia o pássaro, com
bico rubro de sangue,
escorrido, de seu dorso
aberto.
Solto, entre a pedra
que amava, pulsava
o pequeno coração.


Ouvia ainda a
dor da pedra-amante,
ouvia o mar,
esfaqueado em sinfonia.


Ouvia Bach
onde um dia,
contou estrelas,
ouvia o mar
ali na noite escura,
pintando o azul de vermelho.


Cristalizou-se o pássaro,
na pedra que
tanto amou.


Julho- 2005


** Gaivota **

domingo, 26 de fevereiro de 2006

SANGRAM OS POETAS



Resolvi mudar a foto que fala mais ao poema.





SANGRAM OS POETAS



Nos tempos de hoje
sangram os poetas,
não sabe-se ainda,
de onde vem o sangue.
Se os espinhos moram
na garganta,
se o coração
foi mutilado.


Mas poeta,
por que teu sangue brilha
como estrelas cadentes?
Por que tua dor
acaricia os dedos
da alma nuvem?


O poeta de ontem,
fez-me uma visita,
espirrou estrelas
nas feridas de
meu coração!


** Gaivota **

terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

CADEIAS ETÉREAS



Este é um quadro de Michelangelo Buonarroti
que aponta para algo no espaço!


***


CADEIAS ETÉREAS




Rompe!
Rompe a cadeia da seqüência,
invade este ar!
Aplaca o grito do vento.


Eu vi!
Com o coração,
espinhos que alisam,
rasgam, sufocam.


Selvagem
ilusão etérea.
Sol e mar,
espumam existência!



RJ - 08/11/2005
** Gaivota **


Aos instantes de saudável loucura humana!

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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

NOITE MORNA




NOITE MORNA





Des- linhas,
entre linhas,
sob linhas,
sublinhas.


Código da noite
morna,
- c’est moi..
Atrás da lua
des avisada,
respiras,
ousada?


Quem sabe?
Amanhã,
calo o suspiro
agonizante.


Afogo-o
na marola,
que molhou-me
os pés,
vestidos de sorrisos
insistentes.
Os quais
recuso-me, emitir.




RJ – 19/01/2006
** Gaivota **



Fui a praia sentir, se o vento havia parado realmente.....vi seus rastros.

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

BELA LUA




BELA LUA




Ainda
bêbado do
silêncio
sonolento.
tiro da bolsa da lua,
bela luva!
Bela lua.

Acende o brilho,
dos olhos
do gato!

Faminto,
roubando-lhe
o prato.

Bela lua,
bela luva.



** Gaivota **


Ao amigo poeta Car litos
que aprendeu a conversar com a lua.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

ÁCIDA E DOCE VIDA!



A DOCE VIDA


Federico Fellini 1960

Ao assistir novamente o filme, lembrei-me de um doce ao mesmo tempo ácido e amargo! Que doce mais cheio de agonias!
Atual, atualíssimo como a vida! A existência é uma tentativa de encontros e desencontros constantes.
Vejamos os personagens:
a) Uma suposta namorada deprimida e dependente.
b) A ricaça infeliz, com certeza inabalável que no fim do túnel a luz está totalmente apagada, pq sua insatisfação é completa.
c) Um repórter, que constantemente busca, não só reportagens, mas um sentido para sua existência, que pelo menos sabe não ser a que ele vive.
d) Uma atriz que foge da vida, em busca de alguma coisa que não é a sua vida.
e) As festas que estão ali pela única razão de que “... preciso preencher meu tempo..”,caso contrário entrarei em absoluta depressão.
f) E o intelectual, bem casado, com uma vida estável e realizada que sofre de medo de própria vida!
Como ele próprio diz: “... As vz à noite penso:
- Esta escuridão, este silêncio, me oprimem.
- A paz me amedronta, temo a paz acima de tudo....parece apenas uma aparência, que oculta o inferno.
Como o mundo será maravilhoso, se basta um telefonema, anunciando o fim do mundo?
Deveríamos nos libertar de paixões e sentimentos...na harmonia da obra de arte realizada.
Vivemos soltos no além do tempo! Soltos!..”
Não existe um personagem sequer que sinta satisfação! Isso se passa num mundo em constante ebulição, sejam ricos ou pobres, a insatisfação na busca de milagres, é cristalina. Haverá de aparecer a santa milagrosa, para resolver os problemas, não se busca nada dentro de si, a busca é feita pelo que está do lado de fora! A angustia grita desesperada nessa Vida Amarga! Aparentemente Doce!
Estamos encastelados de agonia, e todo o presente já não nos presenteia, porque é efêmero e sem êxtase, um sentido que só aparece no fugaz instante do sexo! Tão fugaz, que não dura uma noite sequer! Isso me lembra inclusive a cena imperdível do filme, Marcelo e a Deusa do cinema, em plena madrugada, banhando-se nas águas da Fontana-di-Trevi, quando ela é desligada, provocando a interrupção do que não chegou a acontecer!
O único personagem que poderia dizer: Eu estou bem comigo, realizei alguns de meus sonhos, a arte, a música, o lar me completam, tem medo! Medo de ser roubado pela AMARGA VIDA! Mata inclusive a possibilidade de futuro, ao matar as crianças!Então do que trata o filme? O final diz tudo: A menina com jeito de anjo, que aguarda um mundo pela frente, está feliz, sorri, acena e fala, mas os personagens da Amarga Vida estão impossibilitados de escutar!

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domingo, 5 de fevereiro de 2006

O PLANETA E SEUS MISTÉRIOS






Na medida em que escrevo e adoro cinema, de vez em quando cometarei sobre outros assuntos. Agora falo de um filme que faz-se poema em imagens, pois Tarkovski é poético e filosófico.

Solaris (1972 / 166 min.): Um famoso cosmonauta-psiquiatra é enviado para a estação cientifica que está em órbita do planeta oceânico Solaris com a importante missão de investigar uma série de fatos bizarros e misteriosos que estão ocorrendo.

*****


Soláris acontece em ritmo denso,
penetramos num mundo nostálgico, onde
gigantesco cérebro nos guia.
Seria uma viagem de sensações, descobertas e sentimentos?
O que poderemos encontrar quando a nuvem
espêssa que o encobre permitir a visibilidade?
Haveremos de visitar séculos de história,
discutir a ciência e tocar os sentimentos mais
profundos. Teremos de conviver com nossos
fantasmas, monstros que nos acompanham por toda a vida!
Normalmente, não os vemos, mas em Soláris
eles revelam-se, materializados, ali estão, cara a cara!
São nossos mais íntimos desejos.
A nostalgia da infância, da casa, do colo
e a vontade de completar aquilo que não
chegamos a terminar. Em Soláris falta chão!
Precisamos da terra, da água, do verde e
da casa. Esse estranho planeta, nos faz
sonhar, um sonho árido.
Hari é o desejo de Chris materializado
Ela existe apenas na mente que a deseja...
Como conviver com nossos desejos que já se
foram? Como reencontrar um passado
morto?
Quem sabe...no paraíso!
No sonho...no devaneio...
Soláris é a viagem idealizada,
A beleza tocável, logo no início
onde a água/útero/materno, acaricia.
Ao som de Bach, plantas marinhas dançam o ritmo da vida.

** Gaivota **

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INFINTO DO MAR




INFINITO DO MAR








Qual a cor do amor?
Abro o leque
procurando
vida!


Na noite que negra
se curva
ao céu dormido,
risco fósforos,
iluminando
sentidos.

Dorme o reflexo,
no infinito do mar,
ternamente lambido
pelo arco íris de cores.

RJ - 15/11/2005

** Gaivota **

Todos os direitos reservados ao autor
Vejam os outros poemas.
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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

MACIAMENTE NO OLHAR

Olha pra eternidade e me diz:
Quantas estrelas brilham no céu?
Quantas? Quantas brilham no mar?

Quantas cantam a sinfonia do silêncio, maciamente no olhar?

** Gaivota **