quarta-feira, 29 de março de 2006

UM TANGO NAS ROSAS






Hoje eu quero
dançar meu tango.
Contorcido entre
rosas vermelhas.


Sinto os espinhos
que ferem-me a boca.
Deslizam no sangue,
alcançam os pés.


Descalço,
sangro a música
que envolve,
toma,
fulmina!


Abraçado
ao olho da lua,
espreito
o dorso infiel.


Retorcida
entre dedos,
escorre
tingindo as rosas.


** Gaivota **

RJ - 25/11/2005

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sábado, 25 de março de 2006

EM ALGUM LUGAR DO PASSADO



EM ALGUM LUGAR DO PASSADO

Ainda sob impacto, apesar de já ter visto o filme algumas vezes, o fato é que volto.
A um passado meu? Contudo não é meu! Que passado é esse? Uma nostalgia do que poderia ter sido? Falo de “ Em Algum Lugar do Passado “ – filme de Jeannot Szwarc, com um Christopher Reeve magistral! Quanta dor! Quanta! Quanto desejo desperdiçado! Quanta separação! O personagem de Reeve é Richard, um teatrólogo, que em sua estréia, depara-se um uma senhora dizendo-lhe:" Come back to me!" Entregando-lhe um belíssimo relógio.
Richard encontra um meio de voltar ao passado. E é ali que tudo acontece! A magia do encontro, necessidade intrínseca, re - viver!
Entro literalmente no filme! Entro e existo! Entro nos salões, naquele lago, no verde, nos corredores e na paixão que transpassa as barreiras do cotidiano. Não existe cotidiano, porque vive-se o instante mágico!
Ainda estremeço, em sentir, perceber, entorpecer-me, até onde um coração pode ir!
O filme não explica se Richard vai!
Mas eu particularmente vejo quanto o mundo real é pequeno, diante do toque que atropela sentidos: “ Come back to me!”
Em que país estamos? Alguma viagem visceral da magia que necessitamos, onde o amor é uma pérola rara, que precisa ser devorada por nossos sentidos? Isso existe, ou é fruto da necessidade humana em transformar o monóxido que aspiramos na mais bela e rubra maçã que escorre de nossos desejos .

** Gaivota **

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sábado, 18 de março de 2006

BONECA DE PORCELANA


Fernanda in photo

BONECA DE PORCELANA



Ponho o dedo à boca,
Como a lamber o
mel que escorre
de meus lábios.
Tudo começou
no dia do inventor,
quem era ele mesmo?
Alguém que conhece
bonecas!


Naquele sotão,
entre trapos e cetins rasgados,
lá estava eu.
jogada ao canto,
fina boneca de porcelana!


Com o olhar pergunta...
Da garganta escorre
o doce aos dedos
lambuzados no
rubro coração.


a canção menina
sorri teus olhos,
balança cabelos,
pisca olhinhos
diamantes,
ameaçando
o canto matinal
que só as porcelanas emitem.


RJ – 18/03/2006

** Gaivota **

Para minha querida amiga Fernanda, a inspiração, por ser esta rara porcelana.

terça-feira, 14 de março de 2006

SOU AZUL!


SOU AZUL!




Trinta centímetros abaixo do queixo,
o que haverás de encontrar?
O ritmo da vida!
Belo poema azul.
Batendo em compasso certo,
ritmado,
acelerado,
cadenciado.

É o som do Universo
que se faz presente,
entre vasos, veias e sangue.

Música que canta,
soluça, grita,
ama!

É a poesia humana,
a lágrima que se desfez,
o sorriso que dei,
o poema que
cantei,
a palavra,
a letra azulada
do músculo
surgido no mar!
Sou AzuL!



** Gaivota **
março/2006

Minha homenagem ao dia da poesia.

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QUANDO O VENTO BATE!



QUANDO O VENTO BATE!




Bate o vento
desesperado
noite adentro.
Arranca cabelos,
bate!
Bate o relógio
exigindo horas,
bate!
Bate o medo,
bate!
Diluir-se na vida,
batendo a tecla,
que insistente
emperra.
Bate!
Bate o desejo,
de trazer a lua,
bate!
Mergulhar nas estrelas,
que estremecem ao vento!


Outubro/2005

** Gaivota **

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sexta-feira, 10 de março de 2006

DEVORO O SOM DESSE MAR!



DEVORO O SOM DESSE MAR!





Vinha de longe,
quem sabe?
Da canção
que mora em mim...


Não era doce
nem rascante,
Era apenas
um veludo
que se encorpava.


Diria, sonoridade!
Solta no espaço-tempo
da fração
que invadira
pele, garganta, olfato...


Perfurava-me desejos,
amaciava o peito,
iluminava o olhar,
fazendo-me pingar estrelas,
na calça desbotada que usava.


Disse-lhe
Devoro o som deste mar!




RJ – 10/03/2006

** Gaivota **

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quinta-feira, 9 de março de 2006

* CHE!


in Sierra Maestra


CHE!




Onde mora o
coração que abriga
um mundo?
O sorriso do dia?
O colo da noite?
Onde mora a liberdade?
Onde encontro
o braço que acaricia
flores?
Onde dorme o olhar
do amor?
A três palmos da terra
fértil,
abrigo de sementes
da esperança.
Terra úmida,
abraça raízes
seculares.
Lá reside
quem tanto amou!






RJ – 28/09/2005

** Gaivota **

Para CHE!

“...Os poderosos podem matar uma, duas até três rosas, mas nunca deterão a primavera....”

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domingo, 5 de março de 2006

LEVE PERFUME DO VENTO!


Márcia Eduarda, in foto

LEVE PERFUME DO VENTO!




Nasceu verde
chegada da mata.
Percorreu caminhos,
devorou maçãs,
cheirando a terra molhada.
E assim com a boca
colada ao chão lambeu
framboesas.
Na metamorfose do instante
coloriu-se na vida,
alisou pétalas,
soltou-as ao vento.
Em rosas deglutidas
fez-se mulher!
Leve perfume,
da flor, da cor,
evaporando-se ao dia
que encontrou.


Para minha amiga, Márcia, inspiração do instante colorido.

RJ – 02/03/2006
** Gaivota **

sexta-feira, 3 de março de 2006

ROMPE A BORDA DO SOM



ROMPE A BORDA DO SOM




Sou outro
quem fala,
no tédio do dia.
Peço a teus dedos
menina.

Rompe a borda do som,
aspira o silêncio
da noite.

Teclas arrastam-se
lambidas pelo mar,
no pianíssimo
beijo.


Enfim pousam as estrelas.


RJ – 15/09/2005

** Gaivota **


Para Aline, a menina pianista.