domingo, 9 de julho de 2006

POEMA LACRADO



POEMA LACRADO



Partes de um poema?
Sou.
Poesia sem rima,
sustenido abandonado,
vômito salgado,
abafando a garganta
de eterna sede.


Deslizando o mar,
emaranhado aos fios,
penetro entreaberta concha.
Toco lábios,
em beijo colado,
comendo tua boca.


Nos restos mortais da areia fumegante,
dormi entalhado...
Ser em formação.


Ali me perguntava...
onde estão os livros?
Os quadros, minha escova de dentes?
Vivia o desabafo,
porta de sal lacrada.


Contígua sala
fazia-me falta
ao roçar da hora,
arranhava paredes
a ferida exposta.


Dormido oceano escuro da noite,
esbarra em pedras, lançadas à praia.
Não cabia mais em mim..


Expelido em negra pérola,
comido de espuma,
encontro-me aqui.




RJ – 22/06/2006
** Gaivota **

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