quarta-feira, 6 de setembro de 2006

CUSPIU A COR DO MAR



CUSPIU A COR DO MAR





Abri a porta da noite
desembrulhando dedos,
comia maçãs
vermelhas de fome,
teclando desespero.
Cuspi carne
na escova de dentes,
chorei, sofri
e não saías.


A boca não mais me pertencia,
mordi teus lábios em
delirante agonia,
e mesmo assim o poema
não saía.


Teu pescoço roçava meu peito,
em transe montava o poema,
enlouquecido.
Lambia dedos,
buscando letras na agonia..
Mesmo assim,
o poema não saía.


Nessa loucura,
entorpecidos de desejos,
fomos pra cama
enroscados no silêncio
que docemente deslizava
o corpo da palavra.


Tocou-me os dedos,
pari tua boca
no transe
escuro da noite sedutora.


Cuspiu a cor do mar,
escorrendo poemas.




RJ – 05/07/2006
** Gaivota **


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3 comentários:

Anônimo disse...

uhlalá!!
Meu Deus! Então é aqui q o pássaro pousa? ou voa?
Extasiada, lendo.....lendo....ainda lendo
bjus

Anônimo disse...

Engole, faminto, esse dom de poeta... não cale jamais... nem mesmo sem inspiração o que sentes!
Suplico, as palavras a ti pertencem, não sofra, nem agonize, pois esse mar é só seu, cuspa-o em conchas, estrelas, nas cores que mais desejas.

Anônimo disse...

Esta poesia é de uma sensualidade gritante, mas ao mesmo tempo é inquietante, sofrida. Fiquei impressionada.