segunda-feira, 30 de outubro de 2006

CONCHAS D& CLARICE




CONCHAS D& CLARICE







Abre-se ao mar
abraços lisérgicos
da noite riscada..



Rola o vento varrido na praia..



Contesta em
concha os olhos
castanhos..
Sorriso
espelhado no
tímido sol..



Deitado na pedra-menina,
mergulho a cabeça espreitando..



Língua azul move-se
em extasiado olhar
ao reflexo
partido
na rede.



Filete ouro-vida aflora,
no conta gotas entreaberto
pinga ininterrupto sangue,
tinge a tez
muda, calada..



É a voz do silêncio
a marcar minutos..



Grita o mar em desespero,
aberta concha,
risca a lua
amanhecida do sono..
Faz-se o parto
em artérias rasgadas



Tracejam dedos de tênues fios,
cabelos
desembocam
cuspidos
da boca.



Voraz salta piscando, cereja ouro em vida
faminta no farfalhar onde borbulha agora o mar.






RJ – 31/10/2006
** Gaivota **




Para Clarice na intensidade do mar,


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NÃO VÁ!




NÃO VÁ!





Não vá
pois que me partes
como gelo triturado no verão.
Não vá!
Não me deixes com palavras roucas
pois que és brilho incandescente.
Fagulha que estoura miolos
e os deixa em agonia.
Não vá!
Deixe que suas madeixas
olhem-me com ternura.
Não vá!
Sua saia de margaridas falantes
estão em prantos
porque querem a brisa do campo.
Pensa bem..
Pássaros são seres estranhos
mergulham na água fria
deslizam o negro véu.
A noite me engole
abrançando o dia que já passou.
Não vá!





RJ – 18/08/2006
** Gaivota **



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quarta-feira, 18 de outubro de 2006

O POETA TRANSCREVE..


MAGRITTE - 1963



O POETA TRANSCREVE..





Vagam ondas
entre ruínas,
procurando dedos da noite
que transcrevem
instantes quebrados nos silêncios.


Vagam pensamentos,
arrebentados nos muros
onde o poeta quebra pedras,
arranha dedos e sangra
em busca de palavras adormecidas..


Vagam sentidos,
entre silhuetas esguias de olhos vidrados
espremendo poesias,
sugando o extrato de almas vazias.
Um saber abstrato.


Vagam gemidos,
de correntes e grilhões
que aprisionam poetas
na estética fria,
dos falsos profetas da palavra vazia.


Vaga meu desejo,
na poça que reflete dias
em choro convulsivo
porque não me foi dito
que o vento chegou arrancando telhados
entre letras afogadas no mar.




Poema em parceria ** Gaivota **&Alessandro Nisus
28/09/2006



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domingo, 15 de outubro de 2006

MAÇÃS&MEL


POEMA EM PARCERIA



MAÇÃS&MEL






Caminhava a esmo,
procurando luzes luminosas
caídas na madrugada de delírios.
Nesta noite,
mutilado de esperanças te vi...
Eras um misto de maçã escorrida com mel
e a preguiça
de uma pausa musical.


Eras o desejo.


Estrelas feriram os olhos
entre a pausa da maré,
riscando em neon imagens secretas.
Vertigem branca que lava mariscos e lágrimas
onde dançavas nua e rias
da relatividade da orla e suas luzes.
As gavetas do tempo estavam abertas,
todas as questões respondidas
(Em silêncio, Deus dormia).


Esta era a senha...
Deitado na branca página,
abri a boca em desejos
e mordi..
Fina e sutil gota
escorreu.
(Deus morreu..).




Poema em parceria:
** Gaivota **&Tonho França

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