
CONCHAS D& CLARICE
Abre-se ao mar
abraços lisérgicos
da noite riscada..
Rola o vento varrido na praia..
Contesta em
concha os olhos
castanhos..
Sorriso
espelhado no
tímido sol..
Deitado na pedra-menina,
mergulho a cabeça espreitando..
Língua azul move-se
em extasiado olhar
ao reflexo
partido
na rede.
Filete ouro-vida aflora,
no conta gotas entreaberto
pinga ininterrupto sangue,
tinge a tez
muda, calada..
É a voz do silêncio
a marcar minutos..
Grita o mar em desespero,
aberta concha,
risca a lua
amanhecida do sono..
Faz-se o parto
em artérias rasgadas
Tracejam dedos de tênues fios,
cabelos
desembocam
cuspidos
da boca.
Voraz salta piscando, cereja ouro em vida
faminta no farfalhar onde borbulha agora o mar.
RJ – 31/10/2006
** Gaivota **
Para Clarice na intensidade do mar,
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