QUANDO O POEMA SE ESCREVE
Rasga
o fio do jeans
trava a linha
desata, costura
ameaça
abre-se a manhã no
pouso in parcial
as horas seduzem
palavras sonolentas
novelo deslizado
sonho disfarçado
tinta derramada
o sonho cresceu
no pijama infantil
não cabe mais em si
encresparam-se as rosas
na porta da ventania
a letra perdida
alinhava-se
o poema se escreve
a pausa se cala
o dedo se lambe
no chocolate da boca
o mar se rebela
os poros se arrepiam
a métrica se desmonta
salva-se o poema no
obliquo olhar das estrelas
** Gaivota **
25/10/2008
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