quarta-feira, 17 de maio de 2006

MORDO A LÍNGUA









MORDO A LÍNGUA




A casa ruía dentro do silêncio,
eu vagava, como o vagabundo...
No chão triste comido pelo vento,
embrulhando braços
de tristezas,
sem saber exatamente
desatar o nó que havia dentro.


Fulminando no olhar
a mordida quente,
o bolso vazio.
Excêntrico instante
dolorido.


Perpassam ali personagens
de filmes.
Quem sabe?
Ontem choveu e as poças
ainda me olham,
fugidas do lar..
Na estranha mania,
mordo a língua.
Atravessa na garganta,
penetra no cérebro,
escorrido
caldo quente.


Desliza ao coração,
pulsa desnorteado
na busca das luvas
que enxuguem
o sangue espirrado.





RJ – 16/05/2006
** Gaivota **


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3 comentários:

Unknown disse...

Por que em seus poemas o vento sempre rói suas casas, desanda seus castelos de areia e fustiga seu rosto gaivota?

Atualizei os links no meu blog, finalmente, e coloquei você lá.

=)

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Muito bem, Poeta-Gaivota !

É muito difícil desnudar a alma e, ao mesmo tempo, solucionar bem o poema. Gostei de "Mordo a Língua", onde transparecem recursos lingüísticos, havendo tensão: que é o mais importante em qualquer texto. Versos enxutos e o conteúdo vem à tona. Retirando ao máximo os conectivos, o poema respira que é uma beleza ! Mas como é difícil esse exercício de escrever, quando levado a sério!

Parabéns, pelo blog! Travo luta igual, cada dia, com as palavras!

Necessária utopia.

Léa Madureira