
QUANDO O RELÓGIO CONTA HORAS
(virada para o novo ano)
Na rua ouço gritos desconexos...
A plenos pulmões palavras vomitam cabeças e gastam respirações des sacralizadas.
No ar o dia dormiu o cochilo esfumaçado..
O tempo passa pingando horas em contagem regressiva de doer!
É sempre assim..
A coisa aperta quando vira o copo do ano.
Traz outro diz o rapaz da mesa ao lado.
Respiro fundo..
Sinto a dor do ano que se vai carregando mortos e vivos nos telejornais contando desgraças.
Respiro fundo..
Não sei bem o que espero..
Espero algo bom como a cereja verão esmagada entre meus dentes,
o sabor escorrendo goela abaixo,
pintando um vermelho amor, doce como beijo nos olhos.
Não sei bem o que desejar..
Tenho receio de gastar palavras e não encontrar as respostas que preciso..
Todo mundo vai beber!
Os hálitos misturados em torpor, cansando o dia que entra e nem bate a porta.
Não pede licença, apenas senta.
Tenho medo..
De quê? Faço-me esta pergunta..lendo pedaços de jornais violentados, queimados, rasgados..
Mesmo assim, tomo banho, pego meu sorriso e carrego meu sonho que comigo caminha de mãos dadas.
RJ – 30/12/2006
** Gaivota **
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