quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

ÁCIDA E DOCE VIDA!



A DOCE VIDA


Federico Fellini 1960

Ao assistir novamente o filme, lembrei-me de um doce ao mesmo tempo ácido e amargo! Que doce mais cheio de agonias!
Atual, atualíssimo como a vida! A existência é uma tentativa de encontros e desencontros constantes.
Vejamos os personagens:
a) Uma suposta namorada deprimida e dependente.
b) A ricaça infeliz, com certeza inabalável que no fim do túnel a luz está totalmente apagada, pq sua insatisfação é completa.
c) Um repórter, que constantemente busca, não só reportagens, mas um sentido para sua existência, que pelo menos sabe não ser a que ele vive.
d) Uma atriz que foge da vida, em busca de alguma coisa que não é a sua vida.
e) As festas que estão ali pela única razão de que “... preciso preencher meu tempo..”,caso contrário entrarei em absoluta depressão.
f) E o intelectual, bem casado, com uma vida estável e realizada que sofre de medo de própria vida!
Como ele próprio diz: “... As vz à noite penso:
- Esta escuridão, este silêncio, me oprimem.
- A paz me amedronta, temo a paz acima de tudo....parece apenas uma aparência, que oculta o inferno.
Como o mundo será maravilhoso, se basta um telefonema, anunciando o fim do mundo?
Deveríamos nos libertar de paixões e sentimentos...na harmonia da obra de arte realizada.
Vivemos soltos no além do tempo! Soltos!..”
Não existe um personagem sequer que sinta satisfação! Isso se passa num mundo em constante ebulição, sejam ricos ou pobres, a insatisfação na busca de milagres, é cristalina. Haverá de aparecer a santa milagrosa, para resolver os problemas, não se busca nada dentro de si, a busca é feita pelo que está do lado de fora! A angustia grita desesperada nessa Vida Amarga! Aparentemente Doce!
Estamos encastelados de agonia, e todo o presente já não nos presenteia, porque é efêmero e sem êxtase, um sentido que só aparece no fugaz instante do sexo! Tão fugaz, que não dura uma noite sequer! Isso me lembra inclusive a cena imperdível do filme, Marcelo e a Deusa do cinema, em plena madrugada, banhando-se nas águas da Fontana-di-Trevi, quando ela é desligada, provocando a interrupção do que não chegou a acontecer!
O único personagem que poderia dizer: Eu estou bem comigo, realizei alguns de meus sonhos, a arte, a música, o lar me completam, tem medo! Medo de ser roubado pela AMARGA VIDA! Mata inclusive a possibilidade de futuro, ao matar as crianças!Então do que trata o filme? O final diz tudo: A menina com jeito de anjo, que aguarda um mundo pela frente, está feliz, sorri, acena e fala, mas os personagens da Amarga Vida estão impossibilitados de escutar!

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5 comentários:

Anônimo disse...

Porque a arte busca os sentimentos mais tristes, a insatisfação seria uma forma de todo mundo fugir do meio evolitivo? Ou não compreender mais que matéria, estamos num mundo assim não é? Faz tempo!
Insatisfaz ter ou não ter, ou ainda poderia ser o não saber o que buscamos. Belo tema vc pegou, gira, gira em todos nós.

Abraços... e obrigada pelo post!!

Anônimo disse...

Obs...qual satisfação temos de viver numa mídia deprimida, não vemos a cor da vida? Creio que o que deprime tudo é o excesso. Poderia ser mesmo o equilíbrio como a água, pode nos trazer.
Água refresca a mente!!!

Anônimo disse...

Querido Pássaro!! Passei por aqui pra alimentar um pouco minha alma sedenta de poesia.

Beijos

Anônimo disse...

O único personagem que poderia dizer: Eu estou bem comigo, realizei alguns de meus sonhos, a arte, a música, o lar me completam, tem medo! Medo de ser roubado pela AMARGA VIDA!

Anônimo disse...

Gaivota-

Talvez...
o SILÊNCIO...
diga mais que
todas as palavras.

Parabéns!