sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

ECO AR TE - O LIVRO!

. FOI LANÇADO ! ECO AR TE para o reencantamento do mundo . No belo livro existem mais de 20 poesias do ** Gaivota **, uma para cada capítulo além de um capitulo inteiro meu. O livro foi idealizado e montado pela escritora, poeta e educadora ambiental Michele Sato. . Você poderá comprá-lo pela internet http://www.livrariarima.com.br/produto/2255225/Eco-Ar-Te-Para-o-Reencantamento-do-Mundo

sábado, 4 de setembro de 2010

UMA ROSA E SEUS OCASOS



UMA ROSA E SEUS OCASOS

**Gaivota**


em toda rotina
aberta a razão
bate a porta que se faz presente
tempero de vestes
alho, sal, pimentas
ocasos de flor agonizante
veludo quase marfim
assentado à palidez rósea
sufocava o vendaval
solene, equilibrada ao caule
bela rosa me veste
na fragilidade do dia
promete temporal
sem hora, sem perfume
sem audição
projeto ou visão
imaginária beleza
intrometida,suave
ocasional


2010



* * * *

terça-feira, 15 de junho de 2010

DESFALEÇO


DESFALEÇO
** Gaivota **


vapor desfeito divaga
a corrente difusa da dor
espalha-se como poeira
desintegrando sorrisos
o pulso agora lateja
vejo-te irrequieta
afinal, o que queres?
a casa se abriu
o olhar se uniu
abrindo uma noite
coberta de estrelas
negro véu confidente
entreaberta boca
desfaleço
de teus lábios
toquei flores
abri pétalas

no transe reconfigurei a ponto de não mais me pertencer
fração de um tempo
aberto nas estrelas



* * * * *

quarta-feira, 19 de maio de 2010

VERSOS DO SILÊNCIO



VERSOS DO SILÊNCIO



O Silêncio reclama
versos
nessa noite
lânguida
Espreme estrelas
sonolentas
deitadas na boca
do bocejo

O galo canta,
acorda o pássaro
notívago
que mora
no cascalho
do meu coração

Seguro a noite
perfumada
com mão
embriagado
de beleza

Aspiro..
Em seguida,
suspiro..

Iluminam-se as horas
vagalumeadas
nos olhos
de meus desejos



** Gaivota **





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sábado, 20 de março de 2010

PERFUME INCESSANTE



PERFUME INCESSANTE



Porque escrever
é quase a melhor coisa da vida
é rabiscar sonhos
existir sem medidas
desembrulhar palavras
do macio papel
lambê-las de madrugada
um gole de vinho escorre à boca
do paraíso revivido
porque escrever
é quase a melhor coisa da vida
é vestir o inusitado
alçar vôo
partir
não dizer nada
pisar na lua
ir a rua e sorrir
sorrir
para no final gargalhar
de todas as besteiras ditas
das bobeiras enlouquecidas
das horas corrigidas
dos ponteiros trocados
porque escrever é quase
quase a melhor coisa da vida
melhor que isso só ela
sempre ela
arregaçando a manga
a tragar
o perfume incessante
que atravessa a ponte
no colo irrequieto
de minha Paris



** Gaivota **

2010






* * * * *

sábado, 25 de abril de 2009

ÁGUA DE SORRISOS MOLHADOS




ÁGUA DE SORRISOS MOLHADOS



Sentia o vento batendo-lhe às costas..
Cada vez mais rápido..
mais rápido...
Cavalgava
Pégasus.
Deixava marcas na areia,
veloz riscava oceanos,
céus, pensamentos.
O mar enrolava ondas
em cada partida..
Urrava violenta areia.
Queria o mar sorrindo
em braçadas,
queria colar minha boca
na margem cristalina.
Queria perder-me na maciez refletida,
no sorriso queimando entranhas.
Na lenda...
Água tocando pés
como luva
em goles
atravessados,
aspirados,
amaciados nos dedos
dos deuses.
Ah! Eu queria ser o mergulho incessante..
Queria morder cristais in sinuantes..
E no
céu da boca deglutir
belezas..
Cada vez
mais rápido..



15/06/2007

** Gaivota **


Poesia do livro Eco-Arte para o Reencantamento do Mundo.


* * *

sábado, 11 de abril de 2009

Suposições...



SUPOSIÇÕES..



Suponho que palavras não ditas

de minha garganta,

minta que esta noite menina

vestida de azul borboleta,

procura letras

que no céu esqueceram de piscar..

Suponho que os lápis apontados

na curvatura do pensamento poético

queiram abortar tristezas

infames das lágrimas que já verti.


Suponho que meu sorriso ora azul,

pegue um lenço umedecido

no perfume exalado do jasmim..


14/04/2007


** Gaivota **



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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

.....

Há dias em que sou somente uma imagem, as letras fugiram em revoada, sentam apenas no caule das flores

.....


** Gaivota **

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

QUANDO O POEMA SE ESCREVE



QUANDO O POEMA SE ESCREVE


Rasga
o fio do jeans
trava a linha
desata, costura
ameaça
abre-se a manhã no
pouso in parcial
as horas seduzem
palavras sonolentas
novelo deslizado
sonho disfarçado
tinta derramada
o sonho cresceu
no pijama infantil
não cabe mais em si
encresparam-se as rosas
na porta da ventania
a letra perdida
alinhava-se
o poema se escreve
a pausa se cala
o dedo se lambe
no chocolate da boca
o mar se rebela
os poros se arrepiam
a métrica se desmonta
salva-se o poema no
obliquo olhar das estrelas


** Gaivota **
25/10/2008





* * *

quinta-feira, 10 de julho de 2008

...GRITO!...




GRITO!


Grito!
Tensão.
Asas mecânicas,
e a louca vontade
de partir.
Lágrimas presas,
enclausuradas,
trancadas,
pisadas,
socadas!


Grito!
Soluço.
No louco coração
ensandecido, desatinado.
Eu grito,
soluço!
No desejo
incoerente,
eu grito,
soluço!

Ferozmente arranco
o sangue em punhaladas.
Eu grito!
Caio na terra,
viro semente!



**Gaitota **


Para Dean, que partiu no grito!


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quinta-feira, 3 de abril de 2008

POEMA COM PLEXOS





Poema com plexos

Tonho França & ** Gaivota **



Adoçar o café, sorrir,

luzir o brilho calmo do teu olhar

na estrela que dormiu em mim

a noite passada...

acordar o canto da passarinhada

caminhar a mata

respirar

parece ser tão simples mas sinto tão complexo

luzes arrefecem sonhos

comem balas bandidas

corrompem a água do mar

poluem o sabor do arco-íris

sentado na batida incessante

do coração machucado

há tantas fronteiras

tantos idiomas misturados

tantos sons

na luz do dia que

este jeito azul de ser

em tardes acentua

dores ou melancolia

pinto telas de abstrata-magia

onde colho sol

e renasço

em chuvas de poesia...





** 2008 **

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terça-feira, 25 de março de 2008

* PÉROLAS AZUIS DE UM CASACO VERDE *







PÉROLAS AZUIS DE UM CASACO VERDE
** Gaivota **


Meu casaco verde
amassado ao tempo
reflete o caminho redondo
de teu olhar
puiu, tão velho estava
gastei-o em palavras
fabricadas por estrelas

com doces dedos amaciados
toca a flauta invisível
inda fala o menino
maroto
casaco alinhavado
no sol

Digere histórias
embrulha luas
pra que não sintam frio
conta as pérolas
das conchas
que atravessam
a rua, toda vez que
o poeta
perambula
noazul

- pensamentos antigos dentro da chuva -


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segunda-feira, 24 de março de 2008

*** TELAS E TRAÇOS ***







TELAS E TRAÇOS

Imagens dançam cores
nuances... tom exato de
teu olhar distante
Ondas que rebentam repetidamente
no vento dourado dos teus cabelos
traduzo-te em traços,
aquarela.

Pinto a página
reflexo de pensamentos
inexatos momentos
olhados, molhados,
mar & ados

Pincelando água doce
trinco o chocolate
escorrido
entre língua, dentes
e sabor

Não sei...
Não sei...
onde palpita mais
A letra que fala
ou o coração que descompassado
escreve

Não sei...
Não sei...
Só sinto no céu da boca
estrelas vadias, sorrindo luas
nas telas que deixei

Ainda com pincel a mão
rabisco o infinito no beijo agridoce
Penetra na garganta quente
fios de mel
traçados por nosso olhar.


Tonho França & ** Gaivota **

domingo, 2 de março de 2008

VÔOS DE UMA PARTITURA



VÔOS DE UMA PARTITURA
** Gaivota **& Cáh Morandi

Com olhar luminoso
come estrelas
a menina
transcendendo a música
da alma
corpo celeste
nos dedos agônicos
do não dito
in vôo uni forme
chocolate pinga
a lamber sonhos
bocejantes
a menina se ria
afundava mãos
na terra
vestido florido
de novas primaveras
cabelos leves na brisa
ela girava
em terras rosas
inventadas
imaginação com asas,
de pequena borboleta.

* 2008 *


*****

- SANGRA VER-DI -




Sangra ver-di
** Gaivota **


Tempo expelido
traduz
buraco sem forma
morto na vala
devassa entranha
risca do giz
enterra passado
minuto de agora
ré nova
breu pincela silêncio
onde margaridas florescem
sem explicar
apenas existem
pintadas palavras
verdimplicantes
esperança mordida
na palma da mão.

Setembro2007

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domingo, 3 de fevereiro de 2008

* Paisagem du mel *





Paisagem du mel
** Gaivota **e Cáh Morandi **

Abre-me olhos
luz azul
detalhe na parede en cantada
azul-feliz
azul-anis
gota deslizante
nos dedos di
excêntrico sabor

A dorme cida
cor anis do arco íris
Ton
ace tinado
in blue
o sol no céu
no mel
marazul - lirismo
paisagem da janela
dum mundo
in cor

Fevereiro - 2008


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terça-feira, 17 de julho de 2007

OLHARES IN CRÉDULOS




Olhares in crédulos


Gravita a lua
in cestuosa
na janela
Grita aos loucos-
existo
em pensamentos in vi áveis
poesia branca
alinhava mundo
amacia orvalhos
escrevendo linhas adormecidas
olhares in crédulos

Dança
baila rina
no infinto
Pede tão pouco
Um par
que venha brincar
entre estrelas
rasgando véus
Mistérios do céu
desenham figuras celestes
visões per feitas.
Bisões de nuvens
acariciam olhares
incrédula mente
paira em beijo
dor mente.


Poema em parceria
** Gaivota ** & Cáh Morandi


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quarta-feira, 11 de julho de 2007

* Sim Fonia Afônica *



Sim Fonia Afônica



Destorce no infinito
azul-magia-pura
linha poética des enrrugada
adormece no faz de conta
abre contas
perfume conta giante.
Contas?
Encontro-as na praia bailando
estrelas esquecidas no bolso.
Saíram escorrendo pensamentos
e foram-se.
A noite inteira caminhamos
suspirando curvas
salpicando dores
escrevendo amores.
Amor tecido
amor inscrito
amor cedido
amores
Cantam amores-perfeitos
ao som dos mio sotis
perfume irregular cerca garganta
sim fonia afônica
engasga palavras
que não queria dizer

** Gaivota **
__Julho 2007__


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sexta-feira, 6 de julho de 2007

- BOIA O POEMA NA ÁGUA DOCE -




BOIA O POEMA NA ÁGUA DOCE



Mergulho e o mar engole.
Sou reflexo em noite
de estrelas adormecidas
pois a chuva ameaça
Abro dedos de pensamentos
em tremula agonia.
- fiel companheira de horas traçadas no painel -
O que devo dizer?
Insensato sono
rodeia o corpo formigando mãos.
Dorme meu ombro
absurdo sono da infidelidade
nos passos do bocejo.
Caminho o fio
navalha cortante de dias..
Amarga o sabor de chocolate
na prateleira.
Sorrio e penso:
Preciso da água doce
Da letra estrelada
pra abrigar o peso de meu poema



RJ – 04/02/2007
** Gaivota **



'

quinta-feira, 26 de abril de 2007

* LIGO O RÁDIO *



LIGO O RÁDIO


Na tarde quente
do verão que se expressa
obsceno.

Ligo o rádio..

Ecoam palavras
ditas ao acaso.

Se acaso me leres, verás
quantas letras multiplicadas..

Sorve o brilho
incrédulo
que dorme
ineficaz
no edredom
macio.

Come à mesa palavras que agora
reproduzo
vermelhas..

Ferida aberta
em pensamentos,
dores rasgadas,
enquanto gritar era preciso.

Ligo o rádio..

Desliza o som na mente,
meu cérebro canta
em dó maior.
Canta?

Ou destoa da multidão?

O sorriso de teu olhar
segura minha mão.
Penso..

Não há o que justificar,
diante do perfume
que sobrou no ar.


** Gaivota **

__março 2007__



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quinta-feira, 29 de março de 2007

ACORDAR A ESPERANÇA



POEMA -------------------------------------

ACORDAR A ESPERANÇA

NO LINK DO YOUTUBE

CLIQUE, LEIA E OUÇA.


** Gaivota **

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quarta-feira, 28 de março de 2007

INCONFUNDÍVEL CHAMA



INCONFUNDÍVEL CHAMA



Exausto
carrego corpo
danificado
em noite
de esquecidos
e instáveis textos.
Sou resto..

Página
desbotada do dia que me levou.

Acordo sob o olhar do sol
na réstia
da manhã acesa..

Risca o fósforo e brilha
inconfundível chama..

Levanto-me.
Respiro
bombeando Oxi Gênio..

Genialidade
ir radiante
toma conta de meus pulsos
e neste impulso
escrevo
ao olhar sorriso
de manhãs
repetindo incontáveis..
Vem.. vem..



11/03/2007
** Gaivota **




Para * Bia *
Obrigado por sorrir sem jeito..



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domingo, 25 de março de 2007

RASGO PALAVRAS ROUCAS



UM POEMAS DE DUAS AMIGAS
( Em convulsivo ímpeto Bretoniano..)



RASGO PALAVRAS ROUCAS





O vento caía no precipício.
Fundo, fecundo, moribundo...
a queda não foi meramente trágica
sorvia uma beleza ainda inacabada.


A lágrima da ostra rolou.
Pensei..
Por que ferruginosa vara
crava o coração verde luz
deste planeta azul?
Por que a terra seca
rasga palavras roucas
incendiando o
pulmão?


Que paradoxo seria este
Que mostra crueldade
Mas ao mesmo tempo
Grandiosidade.


Incomensurável...


O ar no mel
de abelhas nascido
da flor..
Sou Lâmina fina
que atravessa dor,
refaz-se
e lambe sorrisos
em bico de beija flor.


A brutalidade sorvida pela seiva
Transformando vento em brisa
Tocava perfume e delicadeza
O que um dia disse Breton:


"A beleza deve ser convulsiva - ou não será beleza".




Poema em parceria Ivy Gomide & Michele Sato



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quarta-feira, 21 de março de 2007

SEMI ABERTA PORTA DO SOLUÇO



SEMI ABERTA PORTA DO SOLUÇO





Há uma porta semi-aberta
no peito da agonia.
Sempre que a luz se cobre em negro véu
chove torrencialmente
canetas de mãos vazias.
Uma a uma, enfileiradas
não escrevem palavras
porque agonia que se preza
dorme dentro de algum soluço
disforme e inchado em pranto abafado.
Nos gritos e silêncios
as canetas tilintam..
Verbetes escoam à luz do dia e
acordo em mim..
Cai o véu; sagrado e desperto.
Profano o templo
iluminado em falsetes que Dó não comporta..

Há uma porta,
agora aberta.

Não há mais pranto que inunde
soleiras e janelas..
Nem soluços que ecoem
nesta
alma pura.



**Gaivota** & Bia Marquez


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quinta-feira, 15 de março de 2007

TANGOS & BOLEROS EM DUELO




TANGOS E BOLEROS EM DUELO




Você tango
eu bolero
na valsa que dança
em palcos de um chão
coberto de estrelas.

A primavera começa
quando o duelo termina.

Eu tango passos da vida,
alisando turvidez.
Pés de palmeira,
estação de primeira..
Eu tango palpitando a boca,
a beijar rosas dormidas
em colo de bailarina.

Eu bolero truques mágikos
dançando minhas mãos
em castanholas ilusórias,
transitórias..
Nas palmas e pés
eu bolero desejos
beijando Ravel
com-passos, sapateados
em tons de Gardel.

Eu tango
na avenida
ao som de cuícas..
Enlaço
a tez
cuspindo azul
sono lento
onde você bolero
pisa a grama
ardente
no tango
que queima caliente

Em tango bolero
nossas almas
exalam
a dança da cor.
Você e eu
Amantes da musica
poetas somos no
Findu-elo.
Em correntes
Terminamos
uma historia de amor.



*Bia Marques & ** Gaivota **
- Março/2007 -



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terça-feira, 6 de março de 2007

IN DOLOR COM AR DOR..



IN DOLOR COM AR DOR..





Indolor é o grito
da lua quando anoitece..
Tece algemas,
tráfico
paralisado no olhar.


Dolorido é o suspiro
da palmeira
tísica e nua na praia.
soluço e pranto
espalhado no ar..


Incolor é o vento
que sopra em nuvens
Cores tempestades
raios
nos vetores da luz
que afagam doce perfume
permitido por esse verão
que estala
e geme.

Divido-me entre
AR Dor..

Escolho essa lua,
penetro-a..
Rompo tristezas
lambendo olhares
tensos e densos
em doses suaves.





05/03/2007
Poema em parceria ** Gaivota **&** Bia Marquez**




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terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

JUSTA HOMENAGEM




A RONO FIGUEIREDO





Sobre a pele de cada mulher colorida,
desmancham-se lágrimas
em amarrotados papéis.


Rabiscos tomam contorno
e na mesa seca de tintas,
o que era rascunho,
colore pincéis de sonhos
que pedem.. Água!


Tenho sede, tenho sede dizia ele..
Tenho sede em colorir este pálido dia.
Tenho fome, continuava:
Tenho fome de felicidade tardia..


Acordo e no transe incoerente
transfigurando a pele,
risco o grafite,
rabisco desejos,
assopro tintas,
trago porções de luzes
à espera de teu sorriso.


O quartzo branco dorme no canto,
os pigmentos contorcem a falta de vozes
que entoam e fazem dançar mágicos dedos.
As miçangas e os painéis amontoam-se
gritando em tecidos tépidos
(Preciso de luz!)


No miolo dos corações
fica a memória
palavra in materializadado olhar maroto que titubeia..
Linguagem recriada
pintada de branco & preto,
estampada na tez dos
que perderam
o dono do jardim de Éden.




Poema em parceria ** Gaivota ** & Michele Sato
26/02/2007

Homenagem póstuma a Rono Figueiredo



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sábado, 17 de fevereiro de 2007

PÉTALAS DE UMA SINFONIA INACABADA



PÉTALAS DE UMA SINFONIA INACABADA



Numa esquina qualquer
murmura a voz
acariciando a ouvidos,
aprofunda sentidos
na memória povoada de nós.

Remexe loucos beijos partidos..

Mas o Dédalo se esquiva
do estrume em labirinto
da noite escura, a lembrança
insiste em viver sentindo mágico perfume
de desejos que persistem no coice
ou na chuva que um dia fui bendizer

Acinzentado instante come a boca
que um dia foi tua,
pisa o desejo que te dei,
abre o porta jóias e encontra
pérolas em de composição
como sinfonia inacabada.

Porque morreu ali na mesma esquina
atravessada por uma rajada.



** Gaivota **&Michele Sato
Fevereiro 2007.



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sábado, 30 de dezembro de 2006

QUANDO O RELÓGIO CONTA HORAS


QUANDO O RELÓGIO CONTA HORAS
(virada para o novo ano)




Na rua ouço gritos desconexos...
A plenos pulmões palavras vomitam cabeças e gastam respirações des sacralizadas.
No ar o dia dormiu o cochilo esfumaçado..
O tempo passa pingando horas em contagem regressiva de doer!
É sempre assim..
A coisa aperta quando vira o copo do ano.
Traz outro diz o rapaz da mesa ao lado.
Respiro fundo..
Sinto a dor do ano que se vai carregando mortos e vivos nos telejornais contando desgraças.
Respiro fundo..
Não sei bem o que espero..
Espero algo bom como a cereja verão esmagada entre meus dentes,
o sabor escorrendo goela abaixo,
pintando um vermelho amor, doce como beijo nos olhos.
Não sei bem o que desejar..
Tenho receio de gastar palavras e não encontrar as respostas que preciso..
Todo mundo vai beber!
Os hálitos misturados em torpor, cansando o dia que entra e nem bate a porta.
Não pede licença, apenas senta.
Tenho medo..
De quê? Faço-me esta pergunta..lendo pedaços de jornais violentados, queimados, rasgados..
Mesmo assim, tomo banho, pego meu sorriso e carrego meu sonho que comigo caminha de mãos dadas.


RJ – 30/12/2006
** Gaivota **


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segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

ONDE CANTAM OS PÁSSAROS







ONDE CANTAM OS PÁSSAROS?




Amor meu..
Onde cantam os pássaros
que hoje
suspiram?


Cantam letras
na diagonal
de teus ouvidos..
Bicam tua mente
no sonho
que dormiu
e era pura
pérola.


Beijam
o colo desnudo
de teus desejos..


Amor meu
ouve a música que
agora dorme
embaixo
de mistérios
implícitos,
porque o dia
sempre acorda
dentro de teus
pensamentos.





RJ – 20/10/2006
** Gaivota **


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domingo, 10 de dezembro de 2006

TERMÔMETRO DE AUTO ESTIMA


Munch - Vampyr, 1893



TERMÔMETRO DE AUTO ESTIMA



Decidida Fanny saíra com intenções inescrupulosas escritas na testa...
Colocou o vestido bege com decote proposital pensando:“ Hoje eu como!”
Prendeu os cabelos lisos disfarçando desleixo, calçou sandálias fáceis de serem retiradas e se desse já sairia sem as calcinhas. Era uma gata no cio.
O som gritava além de seus ouvidos, mas afinal escutar era o que ela menos queria.
A bunda redonda se esfregava, quase a massageá-lo. Ereção... Ela precisava medir a capacidade de seu poder. No cheiro forte da erva que exalava, difícil era descobrir o que mais roçava....bunda, peitos, boca, língua, corpo. O cara ali servia como termômetro de sua auto estima. Com propósitos específicos...Usou, jogou fora.
Sabia-se ainda jovem, bonita mesmo tendo ultrapassado a marca dos trinta. Era uma beleza madura beirando os quarenta. Mantinha com esforço o corpo esguio. Alta, magra, cabelos lisos...cheirava aparente liberdade. Na verdade tudo nela era aparente, incluindo-se a suposta alegria.
Iludia-se na inútil sensação de ser única!
Dentro, um buraco arranhava com garras qualquer grama de felicidade, a falta era desproporcional a qualquer medida e Fanny, sequer sabia o porquê! Sentia o coração espetando, como se recebesse a cada instante, pequenas estocadas que o fazia sangrar. Era uma dor intermitente, mas pensar nela? Ah! Isso não se permitiria. Sofrer era uma palavra riscada de seu vocabulário interno. Preferia ser mulher fácil.. Fácil mesmo! Dessas que todo mundo pega. Prazer? Ora.. Prazer é ouvir palavras mentirosas, que soam como açúcar mesmo no fogo alto. Queimam, mas eu desligo antes.... Puxo um fumo, bebo aguardente.. Puro álcool.. que importa...
Quando se permitia era exatamente isto que pensava...
Ria às gargalhadas e rebolava a bunda no falo pensando: Sou gostosa... Gostosa!
A medida de sua felicidade estava no número de olhares a tocar seu corpo... Dizia pra si mesma: Dou e daí? É meu, dou mesmo!
Fanny dava diariamente uma carne putrefata, nem sabor, pois que estava no freezer com tempero congelado, com alho esturricado e depois que ia ao micro, muitas vezes estava insossa e esverdeada...
Iludia-se com a garrafa à mão dizendo: Quem quer sabor? Importa é que pareço...



RJ – 10/12/2006
** Gaivota **

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

NO BATON VERMELHO DA VIDA..



NO BATON VERMELHO DA VIDA


Palavras molhadas
choraram sob o brilho que o lampião exalava.
Assisti ao tremor,
era 3.7 na escala..
O frio congelava
tristezas antes
faceiras,
iludidas de que a vida
passa baton vermelho
e sorri em beijos
ar dentes..
Não passa..
Só desgraça..
O fogo da retina
estuprada,
assassina o azul da água
lacrimada e
a tristeza
dorme com frio
sob o lampião vazio
de chamas negreiras.
Ouço estampidos
de balas perdidas..
Acordo o
bocejo dolorido da noite
sofrida,
abro a cortina,
vou ao banheiro,
despejo toda angustia
noturna.
Acorrento pesadelos
na cama silenciosa.




Poema em parceria, ** Gaivota **&Alex Sens
03/12/2006

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quinta-feira, 16 de novembro de 2006



TUDO SE FAZ, PORQUE ALI RESIDE O DESEJO


Quando o sol se abriu, percebi que caminhava a meu lado cantarolando, eu repetia os com passos..abrindo sorrisos que não saberia explicar....
De alguma forma sentavam em minha mente instantes já vividos, lugares que passei.... A música tem essa capacidade impressionante de nos fazer voltar no tempo....
Mágicos tempos!
Repentinamente do nada ouço uma voz a me perguntar: Quer um poema,
um sorriso ou uma flor? Nessa hora olhei pro céu e senti nitidamente que a pergunta era dirigida a mim ..
A voz retornava dialogando: Quer uma palavra, um licor de rosas, ou pingos da chuva?
Dobrei-me de felicidade.......Ah... Eu queria tudo!
Como escolher maravilhas se o sol, mágico astro bordado no azul, fala assim , nessa intimidade.....
Rodamos ruas a tagarelar, afinal o tão inesperado encontro nos aproximou.. Nem saberia explicar o que aprontei....hehe....corri como menino atrás de pipas que dançavam ao vento, pulei como palhaço no picadeiro e brindei pessoas que sequer conhecia... mas ele....gemia beleza dentro de minha cabeça!
As ruas desenrolavam-se à meus pés e descalço não lembro do chão queimando dedos, afundava na areia e o vento comedor do balanço das pipas alisava meus cabelos revoltos fazendo redemoinhos... É por isso que hoje tenho dois enroscados na cabeça.
Mascávamos chicletes fazendo bolas, e foi muito, muito bom, ficar assim rodando a hora antes que ela partisse e mergulhasse no azul cristalino dos olhos que espiavam
o balanço das palmeiras.
A claridade se extinguia, olhei pra mesa e reparei que os óculos, pediam dedos, a mosca rodopiava um copo vazio e abraçado ao vento frio, peguei o casaco. Pisquei estremecendo cílios... Percebi quando a música fechou a boca do dia...............
Senti uma saudade grande ao ver rolar na mesa o limão espremido da caipirinha com o coração apertado. Novamente olhei o céu que estremecido deixava-me tonto, só então
vi que se fora...
Faminto e embriagado partiu, levando na mochila o calor do dia, um despertador e algumas gargalhadas que lhe ofereci embrulhadas neste poema.



RJ – 15/11/2006
** Gaivota **


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terça-feira, 14 de novembro de 2006

UMA INSÔNIA CORDIAL E ELEGANTE...


magritte



UMA INSÔNIA CORDIAL E ELEGANTE...





Meu sono caiu entre pedras que navegavam o rio... bati a cabeça, mergulhei a procura e o vi debatendo-se em águas sorridentes. Após muitos chutes, encontrei-o bêbado de azul.. menino levado.. deixou-me insone, exausto. Dormi uma eternidade no dia pra re fazer as linhas do oceano perdidas em minha cabeça. Aqui estou refeito, brincando palavras.
Conjugando verbos hostis, atravessando letras descoloridas..
A negra noite de vampiros sanguinários, escondeu-se nos porões encardidos de meus pensamentos, afinal sou alfa e ômega, sou noite e dia... Sou esta história mal contada que te engana.. Sou a mentira que querias contar, mas que te falta coragem...Eu a tenho.......
Guardo-a na cintura, ao lado da pistola do último filme de cowboy, apenas porque queres que te compre perfume Francês, mesmo que tenha sido cuspido nos arredores de Vila Valqueire naquela fabriqueta de fundo de quintal...
Pedes a mentira como a fome pede comida..
Eu a conto, porque teu sorriso enclausurado na garganta precisa sair, ir a rua, dançar o balé que meus dedos alucinam..
Devo dizer, só engano aos que me pedem, pois penso que a elegância de palavras é uma questão fundamental nos relacionamentos, e meus amigos eu sou uma pessoa cordial, afável e bem humorada, se não possuisse este humor de fazer rir estrelas, estaria hoje preso em alguma cova rasa onde cobras defecam a ignorância dos imbecis.
Não!! Compreendam... Isto não é um sonho (pesadelo), pois se eu não dormi, posso garantir que ando expelindo a essência de circunspectos delírios..
Delirar numa noite onde estrelas choraram desesperadas, onde o risco da lua apaixonada foi dormir é tão sublime como o passeio da folha amarelo-verde mata
no rio onde mergulhei, segurei e salvei a criança azul que em mim reside.





RJ – 14/11/2006
** Gaivota **


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quarta-feira, 8 de novembro de 2006

QUANDO ABRI A BORDA DA CONCHA....



QUANDO ABRI A BORDA DA CONCHA




Possuo amigos.. algo de bom, deveras bom.. ser escutado é uma parcela da existência rota e vagabunda de todo escritor. Por um lado amado e por outro amaldiçoado...ou será alma dissociado.? Eternamente mal encarado.. Descarado!
Foi assim.. resolvi sair do casulo onde guardava a mente estúpida entre dedos ao molho campanha e decidi: É agora ou nunca. Não tenho papas na língua e vomito prazeres ou delírios, não guardo pensamentos em vão.
Jogo na vida, nas páginas pretas que passeiam virtualmente a espera de manchetes sangrentas que o povo aguarda roendo unhas.... Onde estão as notícias trágicas? Quem morreu? Onde aconteceu o tiroteio da última avenida manchada de sangue onde moscas e bactérias transitam em fome absoluta?
Saí do lar em perfeita harmonia...aconchegante... onde a boca enorme mamava azul ondas deslizantes de dias coloridos abraçado a mãe natureza. Eu a pérola expelida.
Caminhei arrastando dedos estúpidos no ritmo da maré e cheguei ao asfalto onde percebi o primeiro tiroteio..
Era a maré! Não ... não a minha onda que sobe e desce em ritmo cardíaco... era o sangue desfeito em pólvora.
Era o cheiro fétido da morte alisando minha cabeça. Era a gosma que sobrou.. era a dor.
Perfurada alma docemente azul que dentro de mim criou-se, eu vi com estes olhos que comem estrelas sorridentes, os corpos estendidos na poça da vida.. na fome, na miséria humana... nas mãos armadas.. nos ratos que passeavam por entre vísceras e fuzis....
Vi que o mundo não parecia o lar-pérola azul-negritude....
O lar era a briga de gangues, era a necessidade de poder, eram notas e notas de dinheiro ensangüentado, era o desejo mórbido de comer algum pedaço de coração humano..era o pseudo existir nas línguas do fogo cruzado era matar! Matar! Matar..
Engoli a lágrima escorrida, lambi meu beiço na voracidade do desejo...desceu a lágrima sal doce, que aportou a garganta e fizemos sexo... Eu, a lágrima e a cama desfeita de meu ser. Ali no silêncio da garganta entrei em transe....nossos corações batendo no desespero selvagem dos prazeres...






RJ- 08/11/2006
** Gaivota **


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segunda-feira, 30 de outubro de 2006

CONCHAS D& CLARICE




CONCHAS D& CLARICE







Abre-se ao mar
abraços lisérgicos
da noite riscada..



Rola o vento varrido na praia..



Contesta em
concha os olhos
castanhos..
Sorriso
espelhado no
tímido sol..



Deitado na pedra-menina,
mergulho a cabeça espreitando..



Língua azul move-se
em extasiado olhar
ao reflexo
partido
na rede.



Filete ouro-vida aflora,
no conta gotas entreaberto
pinga ininterrupto sangue,
tinge a tez
muda, calada..



É a voz do silêncio
a marcar minutos..



Grita o mar em desespero,
aberta concha,
risca a lua
amanhecida do sono..
Faz-se o parto
em artérias rasgadas



Tracejam dedos de tênues fios,
cabelos
desembocam
cuspidos
da boca.



Voraz salta piscando, cereja ouro em vida
faminta no farfalhar onde borbulha agora o mar.






RJ – 31/10/2006
** Gaivota **




Para Clarice na intensidade do mar,


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NÃO VÁ!




NÃO VÁ!





Não vá
pois que me partes
como gelo triturado no verão.
Não vá!
Não me deixes com palavras roucas
pois que és brilho incandescente.
Fagulha que estoura miolos
e os deixa em agonia.
Não vá!
Deixe que suas madeixas
olhem-me com ternura.
Não vá!
Sua saia de margaridas falantes
estão em prantos
porque querem a brisa do campo.
Pensa bem..
Pássaros são seres estranhos
mergulham na água fria
deslizam o negro véu.
A noite me engole
abrançando o dia que já passou.
Não vá!





RJ – 18/08/2006
** Gaivota **



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quarta-feira, 18 de outubro de 2006

O POETA TRANSCREVE..


MAGRITTE - 1963



O POETA TRANSCREVE..





Vagam ondas
entre ruínas,
procurando dedos da noite
que transcrevem
instantes quebrados nos silêncios.


Vagam pensamentos,
arrebentados nos muros
onde o poeta quebra pedras,
arranha dedos e sangra
em busca de palavras adormecidas..


Vagam sentidos,
entre silhuetas esguias de olhos vidrados
espremendo poesias,
sugando o extrato de almas vazias.
Um saber abstrato.


Vagam gemidos,
de correntes e grilhões
que aprisionam poetas
na estética fria,
dos falsos profetas da palavra vazia.


Vaga meu desejo,
na poça que reflete dias
em choro convulsivo
porque não me foi dito
que o vento chegou arrancando telhados
entre letras afogadas no mar.




Poema em parceria ** Gaivota **&Alessandro Nisus
28/09/2006



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domingo, 15 de outubro de 2006

MAÇÃS&MEL


POEMA EM PARCERIA



MAÇÃS&MEL






Caminhava a esmo,
procurando luzes luminosas
caídas na madrugada de delírios.
Nesta noite,
mutilado de esperanças te vi...
Eras um misto de maçã escorrida com mel
e a preguiça
de uma pausa musical.


Eras o desejo.


Estrelas feriram os olhos
entre a pausa da maré,
riscando em neon imagens secretas.
Vertigem branca que lava mariscos e lágrimas
onde dançavas nua e rias
da relatividade da orla e suas luzes.
As gavetas do tempo estavam abertas,
todas as questões respondidas
(Em silêncio, Deus dormia).


Esta era a senha...
Deitado na branca página,
abri a boca em desejos
e mordi..
Fina e sutil gota
escorreu.
(Deus morreu..).




Poema em parceria:
** Gaivota **&Tonho França

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quinta-feira, 28 de setembro de 2006

















GEMIDO TRANSGRESSOR






Abro boca
devoradora de instantes..


degluto do ar frio
que instala-se
penetrando a
garganta quente.


Faço-o com sorvete a mão.


Macio desliza,
escorrido em desejos
explícitos de meus pensamentos..
Algozes em alguns momentos,
doces
na ruptura onde mora a sede.


Posso beber da água doce,
fruto verde, animal voraz
trazendo paz ao coração
latejante que pede,
suplica, implora,
o gole
da paz.


Posso deitar
na rede que
bordada dança à praia.
Ensaiar os passos
de mais uma batalha.
Gritar,
ouvindo silêncios
transgressores de palavras.



Posso,
pois que tingi
de negro
a branca página.
Delirar castelos
onde o sonho esvaziado
dormiu no lençol de incertezas.
Posso morar no beiço
de meus dedos,
loucura latejante
onde espirro
gemendo azul.





RJ – 14/09/2006
** Gaivota **


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segunda-feira, 18 de setembro de 2006

BALÉ DOS DEDOS

















BALÉ DOS DEDOS






Talvez...
Talvez
ela dance,
no abraço
das mãos.


Quem sabe
durma
no balé
dos dedos?


Talvez
apenas sonhe
a noite,
o beijo
da estrela morna.



Talvez, quando o silêncio cantar em seus ouvidos,
murmure palavras desconexas.









RJ – 20/05/2006
** Gaivota **

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quarta-feira, 6 de setembro de 2006

CUSPIU A COR DO MAR



CUSPIU A COR DO MAR





Abri a porta da noite
desembrulhando dedos,
comia maçãs
vermelhas de fome,
teclando desespero.
Cuspi carne
na escova de dentes,
chorei, sofri
e não saías.


A boca não mais me pertencia,
mordi teus lábios em
delirante agonia,
e mesmo assim o poema
não saía.


Teu pescoço roçava meu peito,
em transe montava o poema,
enlouquecido.
Lambia dedos,
buscando letras na agonia..
Mesmo assim,
o poema não saía.


Nessa loucura,
entorpecidos de desejos,
fomos pra cama
enroscados no silêncio
que docemente deslizava
o corpo da palavra.


Tocou-me os dedos,
pari tua boca
no transe
escuro da noite sedutora.


Cuspiu a cor do mar,
escorrendo poemas.




RJ – 05/07/2006
** Gaivota **


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domingo, 13 de agosto de 2006
















DIÁLOGO COM RIMBAUD








Sei,
tolamente ias ao ocaso
no frio desleal,
vagabundo de estrelas venenosas.
Meu dia canta diferente,
o tempo passou...
As estrelas afagam
em intensidade
fugaz.
Pois que o mundo corre veloz.



Topaste com pedras
na beira de estradas,
dormindo o sono
da enorme ursa
agasalhando o poeta
em sonho devastador?



Sentado ao mar,
deslizo a onda,
puída a calça na velha cidade,
larguei desejos, lampejos, soluços..
Dentro da mala dormida de esperas
diluídas no monóxido.

Os goles atordoantes
traficam na garganta.
A musa dança na esquina
com a bunda descoberta,
brilhando em vaselina.
Arrepiada na noite de inverno,
porque o troco do ônibus a quer!


Belo orvalho não morreu...
cuspiu em meu rosto,
gosto púrpuro de vinho,
caí e descalço agora caminho,
fugi! Pois nada me era leal
além do sonho:
Pisar os cascalhos,
cortar os pés,
sangrar a dor na sinfonia de estrelas,
quando a noite de lua cheia,
cobre meus olhos e beija em torpor.
Rimbaud, o vagabundo pede:
Dá-me o perfume da estrela que sonhou.














RJ – 15/06/2006
** Gaivota **

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sábado, 12 de agosto de 2006


















PLAINO LEVE








Meus dedos..
Estico uma asa,
a outra..
Impelido no desejo
in tenso
rompo espaço,
carne maltratada
pedindo vida.



No papel azul
amarrotado,
plaino
leve,
beijando a luz do silêncio,
deslizado no vôo.
Não estou só,
desenho
o mar
na ponta da agulha.









RJ – 09/07/2006
** Gaivota **

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domingo, 9 de julho de 2006

POEMA LACRADO



POEMA LACRADO



Partes de um poema?
Sou.
Poesia sem rima,
sustenido abandonado,
vômito salgado,
abafando a garganta
de eterna sede.


Deslizando o mar,
emaranhado aos fios,
penetro entreaberta concha.
Toco lábios,
em beijo colado,
comendo tua boca.


Nos restos mortais da areia fumegante,
dormi entalhado...
Ser em formação.


Ali me perguntava...
onde estão os livros?
Os quadros, minha escova de dentes?
Vivia o desabafo,
porta de sal lacrada.


Contígua sala
fazia-me falta
ao roçar da hora,
arranhava paredes
a ferida exposta.


Dormido oceano escuro da noite,
esbarra em pedras, lançadas à praia.
Não cabia mais em mim..


Expelido em negra pérola,
comido de espuma,
encontro-me aqui.




RJ – 22/06/2006
** Gaivota **

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quarta-feira, 21 de junho de 2006

POEMA PRA FOLHA..



POEMA PRA FOLHA






Amarela gasta,
eu poderia dizer...
Amarela gasta de histórias!
De balançar na gangorra
pendurada na árvore!


E então, caiu,
chegou a olhos poéticos.
E assim, mostra-se!
Cantando como
menina que sorri.


Pega-me, diz a folha,
abraça seu tempo,
dança e assopra
palavras palavreadas.


Acende a fagulha,
deixa-as em polvorosa.
Criando a festa
dos olhos, de quem as lê!





RJ – 30/05/2006
** Gaivota **


Para Alex Sens, o garoto poeta,

domingo, 18 de junho de 2006

CALOR QUE COMPRIME




CALOR QUE COMPRIME







Uma frase dentro do calor.
Estufa! Calor que comprime.
E ainda a agonia perpassa
a meu lado.


Estirada na inútil e branca pia,
dorme a faca entre estrelas.
Surpreendo-me nessa fronteira...
Meu delírio jorra
no espaço de meu corpo.
Como contê-lo?
Impossível!


Há dias em que a
impossibilidade escreve
em minhas costas...
Há dias em que as possibilidades
me abraçam..
Chego a ter tonteiras
nesse vai e vem.
Sou uma onda
In cessante.






RJ – 14/04/2006
** Gaivota **


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PERFUMES DO QUADRO



PERFUMES DO QUADRO






Abri a caixa,
no doce perfume
de estrelas
macias.


Lábios
tingidos
no quadro
da sala
desejavam-me.


Com olhos
os devorava,
com a boca
sorvia,
com sentidos,
engolia.


Impetuosamente,
atiro-me!
Mergulhando no mar
refletido.
Beber
teu beijo,
lambido
em desejos.






RJ - 03/03/2006

** Gaivota **


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quarta-feira, 17 de maio de 2006

MORDO A LÍNGUA









MORDO A LÍNGUA




A casa ruía dentro do silêncio,
eu vagava, como o vagabundo...
No chão triste comido pelo vento,
embrulhando braços
de tristezas,
sem saber exatamente
desatar o nó que havia dentro.


Fulminando no olhar
a mordida quente,
o bolso vazio.
Excêntrico instante
dolorido.


Perpassam ali personagens
de filmes.
Quem sabe?
Ontem choveu e as poças
ainda me olham,
fugidas do lar..
Na estranha mania,
mordo a língua.
Atravessa na garganta,
penetra no cérebro,
escorrido
caldo quente.


Desliza ao coração,
pulsa desnorteado
na busca das luvas
que enxuguem
o sangue espirrado.





RJ – 16/05/2006
** Gaivota **


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sexta-feira, 5 de maio de 2006

DESEJOS IN VERSOS


Cupid&psiche





DESEJOS IN VERSOS





Sedutoramente
úmido e fértil sorriso,
lambendo a boca
que exala
o cheiro
perverso.
Desejos
in versos.


Sorri!
No colo de meu olhar.
Zombas no meu desejo
tocar!
Perversa
mente,
lanças-me
ao mar
desesperado.


Bebo espumas
do beijo atirado.
Afogo
desejos
no toque
macio
da carne.


Perfume que roça.




RJ - 06/04/2006

** Gaivota **


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sábado, 8 de abril de 2006

REPUXANDO VENTO






REPUXANDO VENTO!




Parece que por aqui
passou a nuvem torta,
repuxando vento.
Era a turbulência
do vôo.
Era o vulcão
remexendo-se na terra,
ou então meu desejo
de explodir em cores.
Era eu!
Era a dor.
Era o coração
pulando,
em sorrisos
explícitos
na noite de amor.
Era meu braço,
prendendo o choro
da pele amarrotada.
Sofrimento
dos soluços
sufocados.
Ou era a vontade interna,
de existir em mim.


** Gaivota **

Outubro/2005

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